O Eterno Gol Que Não Veio

Rodrigo Lôbo/ JC Imagem

Rodrigo Lôbo/ JC Imagem

Dez e meia da noite, nas ruas quase desertas de Jardim Paulista. Não o bairro rico de São Paulo, mas a evolução de um antigo conjunto habitacional da Cohab, transformado no decorrer dos anos num bairro de classe média até que bem arrumado  na cidade do Paulista, 15 km ao norte de Recife. Classe média baixa, média média e até lampejos de classe média alta depois da era Lula,  o que explica que o Bolsa Família nem de longe pode ser a causa única da votação digna de Saddam Husseim (90% dos votos em 2006) do presidente nesta cidade. Mas, puxa, tergiverso, e muito. Não é de prosperidade e otimismo que vou falar aqui, mas de coisas mais bonitas, talvez.

Pelas ruas desse bairro voltava pra casa Cosme Rondó, com a sua camisa oficial do Santa Cruz Futebol Clube, logo após um vexatório empate em 2 a 2 com o CSA de Alagoas concluir a participação na série D, e sacramentar assim a  posição do seu time como o   Mais Decadente Clube do Futebol Brasileiro.

Cosme passa na esquina já conhecida do caminho de volta da casa da namorada, onde funciona um arremedo de barzinho.  Um homem o chama, ativando o medo de assaltos e outras violências comum a qualquer habitante da Grande Hellcife. (Sim, a cidade progride, mas continua uma merda). O segundo olhar, e percebe  apenas um bêbado,  que está no arremedo de barzinho, por trás de um muro.

“O que aconteceu com o Santa? O Central ganhou?”, diz o bêbado

“O Central ganhou no último minuto. Mas o Santa empatou, não deu…”

Ele sabe o que o empate significa, mas ainda pergunta, incrédulo:

“O Santa foi eliminado?”

“Foi, é foda. Um monte de bola na trave, tantos jogos fáceis de ganhar, e nada. Os atacantes do time são ruins mesmo, mas, puta que o pariu, tantas bolas na trave…”

Antes que Cosme começasse, numa rua deserta às dez e meia da noite, a discutir com um bêbado sobre os fatos e as causas da patética trajetória recente do Tricolor do Arruda, o bêbado levanta a camisa e mostra a faixa tricolor e o tradicional emblema no lado esquerdo do peito.  Levanta a mão direita com o punho fechado e proclama:

“O importante é que a gente nunca vai abandonar esse time. Pode ser o que for, eu sempre vou torcer pelo Santa Cruz”.

Não resta nada a Cosme que não seja repetir o gesto, e fazer o mesmo juramento. Que ele, Cosme, julga até desnecessário – porque ele sabe que nunca haverá outro clube além do Santa Cruz, que não haverá outras cores além daquelas do mais belo dos ofídios, a cobra coral.

***

Sim, era sabido que o time não era grande coisa. Que os atacantes eram incompetentes. Que a diretoria errou ao dispensar um treinador e chamá-lo de volta na última hora. Que a pressão  de disputar um campeonato que por si só era vexatório destruiu psicologicamente o time. Há muitas explicações, há muito a ser aprendido, há muito a melhorar e organizar.

Há explicações racionais, há a competência, há o talento, ou a falta dele. Mas há, além e acima de tudo, o caráter aleatório, cruelmente fatalista do futebol.  Independente de perspicácias técnicas e observações sensatas, a trágica campanha do Santa Cruz na série D em 2009 assume contornos metafísicos.  Sobrenaturais, diriam os crentes de que há algo sobrenatural. Eu, que não sou dessa turma, vejo em tudo um lição sobre o que é acontece na nossa vida de frágeis pedaços de carne e osso sobre a terra.

Porra,  só uma vitória dentro de casa era necessária. Um gol a mais em qualquer empate, dois gols que nem seriam tão difíceis nas derrotas. Em um único jogo, contra o Sergipe, quatro bolas na trave. Mais duas bolas na trave no jogo contra o Central em Caruaru. Carrilhões de oportunidades de gol perdidas.  É o roteiro já decantado em clichês  (“quem não faz leva”, “o adversário gostou do jogo”)–  um time domina, não tem competência de fazer o gol, leva uma paulada, se desequilibra, não levanta mais.  Mas como pôde se repetir tantas vezes?  O time era ruim, claro, os atacantes mais ainda – mas era claramente menos ruim do que os outros times do grupo, e provavelmente no mesmo nível dos outros times da série D que subirão neste ano.

No último jogo da fase, era preciso uma vitória do Santa, e outra do Central contra o Sergipe, em Aracaju. A sua parte o time caruaruense fez, com um gol no último minuto.

E então era só um gol do Santa. Nada a mais. O jogo com o CSA estava 2 a 2, era só um gol. Um gol a mais. Um golzinho só. Uma bola um pouco abaixo. Um pouco ao lado. Um pouco adentro. Passar a linha, e tocar na rede, mesmo que levemente.

Mas o gol não vinha. E não veio.  Até o juiz apitar, e não haver mais nenhum gol para acontecer.

O futebol é a melhor metáfora da vida, e o jogo de hoje, todos os últimos jogos do Santa Cruz, aliás, são metáfora  do que nessa vida há de mais desolador. Onze homens em campo e milhares fora dele, observando os Gols Que Nunca Vieram. Por culpa do acaso, da incompetência, da falta de talento, da arrogância… Mas sabe-se que eles poderiam ter vindo, independente de tudo isso.  Não eles, mas Ele. O Gol.  Um gol. Um golzinho, só um golzinho, mixuruca, feio que fosse.

E no fim, a tristeza diante dele, o Eterno Gol Que Não Veio. Que poderia ter vindo, que mudaria as nossas vidas, nem que fosse a pra dar a esperança que vai durar apenas até o próximo jogo, o próximo grupo, o próximo mata-mata.

Mais impressionante, e mais eloqüente testemunho do que é a humanidade, é a escolha dos milhares que acompanham o clube ao ver esse espetáculo triste. Diante desse esporte maluco,  em que o maior ou menor dos talentos é frágil diante da sorte, das graças da alea, a escolha canina pela fidelidade absoluta, sem negociação, pelo time e suas cores.

Há uma lição sobre a vida, sobre a humanidade mesmo, nisso tudo. Eu não sei dizer com exatidão o que é, mas que há, há.  Como xiitas chorando por seu mártir Hussein, como os escravos e miseráveis esperando a volta de Cristo nas catacumbas romanas, como seguidores da Cabala Luriânica procurando os pequenos pedaços da luz divina pelo mundo…   Assim segue a história d’O Clube Mais Decadente do Futebol Brasileiro e a sua torcida, que aos pouco se transforma numa lenda, num símbolo mágico do que é a condição humana sobre a terra.

Ways of saying goodbye

Thom York, on videotape:

But, hey, that’s no way to say goodbye:

***

You‘re my center when I spin away”

Your hair upon the pillow like a sleepy golden storm”

***

Há um mesmo you para essas duas frases. Mas as frases. Porque é curioso, as músicas são de despedida, tristes. Mas tudo que eu sinto agora é o inverso dessas duas.

O que não me impede de amá-las e ouvi-las em loop contínuo quando já devia estar dormindo.

***

“No matter what happens now
You shouldn’t be afraid
Because I know today has been the most perfect day I’ve ever seen.”

Um exemplo anedótico – e quando não é mais necessário desmoralizar o adversário

legal o debate entre os Torreões e o Fabio Marton.

O post do Arranhaponte sobre o Bolsa Família é irretocável, só não é mais divertido do que o Alon quando faz picadinho da entrevista do Jarbas Vasconcelos à Veja.  O jornalista de sobrenome impronunciável tem a vantagem de não estar tão amarrado à honestidade intelectual, essa coisa chata e brochante, e defender logo um Bolsa Família sem nenhuma condicionalidade, só pra usar um princípio liberal (“o indivíduo decide melhor do que qualquer governo”) contra os liberais. Cara, isso é divertido. Ainda melhor é a resposta que provoca: “mas porra, ele faz isso com o MEU dinheiro, não o dinheiro dele” – o sujeito fica encurralado no sua própria clivagem de classes e nefelibatismo. Há 99,9% de chances do sujeito que diz isso pagar, proporcionalmente, menos impostos do que o sujeito que recebe o Bolsa Família. Lindjo!

Mas bem, já que até um senador da República pode citar exemplos anedóticos como argumento, eu vos digo o seguinte: o computador em que esse post está sendo escrito foi bastante ocupado, horas antes, para a confecção de currículos para uma pessoa que recebe o BF. Ela, veja só, está procurando emprego.

Eu nem consigo mais ficar revoltado com a falta de visão dos bizantinos do Irajá, só consigo rir do ridículo mesmo. Gente que acha que os pobres, esses preguiçosos malditos, vão deixar de trabalhar pra receber R$120 reais por mês. E que  esses miseráveis são incapazes de perceber, a médio prazo, se não mesmo a curto prazo, o BF como um direito estabelecido, e não uma dádiva de Pai Lulinha aos seus filhos.

Como foi com o fim da inflação, que FHC conseguiu, e por isso angariou aprovação e simpatia geral do povo.  Mas se Lula não conseguir  continuar a melhorar a vida do povo, vai ter o mesmo triste fim de FHC. A reação do Mandatário Eneadáctilo frente às demissoes do início desse ano prova que o presidente sabe bem disso. Mas ué, o Bolsa Família já não garante o voto de cabresto da escumalha miserável? Por que Lula estaria tão preocupado com os números do emprego nesse primeiro trimestre?

Ok, então,  podem continuar chamando  pobre de burro, dizer que o cara que trabalha em infinitos bicos pra sobreviver e sobrevive melhor porque recebe o BF que sua profissão é  ser eleitor. Ele não vai votar em nada do que você defenda. Nem preciso fazer campanha contra.

Lépidas raposas

Fleet Foxes describe their music as “baroque pop, music from fantasy movies, Motown, block harmonies … not much of a rock band”, which is one way of describing the indefinable brilliance of one of those records that sounds like it has arrived, fully formed, from another planet. Though there are musical touchstones – English folk, late 60s west-coast music (particularly the Beach Boys and Love) – this is the sound of late-night forests, skipping animals, music made by people as old as the hills they dwell in.

Implausibly, they are actually in their 20s and live in Seattle.

Desde quando eu descobri o Arcade Fire que uma banda iniciante não me impressionava tanto no primeiro álbum.

Comentário político sobre as eleições em Israel

Pois é.

Uma resposta carnavalesca, no espírito dos fãs do Bob Esponja da Geórgia: sair fantasiado com a srta K. no carnaval. Eu iria com uniforme do Hamas, (ok, sem o capuz) com uma mini-réplica bem tosca de um lançador de Qassams a tira-colo. Minha namorada iria de soldado da IDF. Ficaríamos juntos, de mãos dadas, como sempre ficamos.

Pena que eu não tenho nem tempo, nem disposição. Nem sei se a srta. K vai sair comigo no Carnaval… Mas be, a previa d’O Enquano Isso na Sala da Justiça  é sábado, dá tempo pra algum casal que queira copiar a idéia. Ou então, só em Olinda.

Numa esquina, a comprovação da minha tese

Na piauí do último mês:

Godoy é um misantropo, um militante da reclusão. O primeiro sinal de que a solidão era o seu destino surgiu em junho de 2002, depois da morte de Cristiana, sua companheira de 27 anos. Taciturno, o embrião de eremita foi ao supermercado, comprou um lote duradouro de biscoitos – em especial, waffles de morango, que ele muito aprecia –, estocou-o na despensa e decidiu se trancafiar em casa para sempre. Entretanto, não estava pronto para tal radicalismo. No terceiro dia, uma quinta-feira chuvosa, foi acometido por uma solidão tão atroz que ele não teve dúvidas: desceu de pijama (listas alaranjadas dessa vez) e puxou uma longa conversa fiada com o porteiro que antes mal cumprimentava. Deu-se conta de que o isolamento total, sem visitas nem telefonemas, beirava o exagero dos loucos.

Aos poucos, ele encontrou meios de se adaptar. Abriu brechas para a visita ocasional de amigos e deu habeas corpus ao telefone, que usa sem nenhuma restrição. A clausura se tornaria cada vez mais exitosa.

No início de 2006, duas decisões cruciais arremataram a criação do mundo ideal de Sebastião Godoy: a assinatura de uma boa banda larga e do pacote mais completo de tevê a cabo, composto de 124 canais. Tomadas essas medidas, Godoy olhou em volta, suspirou de prazer e disse adeus ao mundo. Saiu do prédio apenas seis vezes nos últimos dois anos, o que dá uma saída a cada 121 dias, quase sempre para tratar de pendengas bancárias e ir ao médico.

Um pequeno detalhe que explica tudo:

Pior, bem pior, seria encarar São Paulo. A seu juízo, a capital já não é uma cidade. “É uma gaiola abarrotada de passarinhos que se bicam para comer o pouco alpiste que sobrou na lata”, pondera, metafórico. Em 1999, ao se aposentar como atendente de caixa do Banco do Brasil, Godoy concluiu que de nada adiantava morar num lugar com vasta agenda cultural se o trânsito e as filas o impediam de aproveitá-la. Uma vez, chegou a ficar preso durante três horas num congestionamento da Marginal Tietê. Até onde alcançavam seus 2 graus de miopia, divisava um horizonte cinzento de carros, carros, carros. Também se viu cercado por outros tantos milhares de paulistanos, mas se sentia estranhamente só. Perdeu o horário do cinema, vendeu o carro, passou a contar com ônibus, metrô e carona. Continuou a perder o cinema e a estar à mercê do caos urbano.

Veja bem, não falo de São Paulo, mas do trecho em negrito

Cruzados e orientais na Palestina

Enquanto a guerra se torna a cada dia mais sombria, vou lembrar aqui de um texto que até já foi citado naquela resposta prolixa que dei ao Pedro Dória. A beleza e a lucidez do artigo de Uri Avnery sobre os 60 anos de Israel são  assombrosos,  particularmente neste trecho  iluminador:

Um mês antes de eclodir a guerra de 1948, sete meses antes de o Estado de Israel ter sido oficialmente constituído, publiquei um livreto intitulado “War or Peace in the Semitic Region”. Começava assim:

“Quando nossos pais sionistas decidiram criar um “paraíso seguro” na Palestina, podiam escolher entre dois caminhos:

Podiam mostrar-se ao oeste da Ásia como o conquistador europeu, que se vê como cabeça-de-ponte da raça ‘branca’ e senhor dos ‘nativos’, como os conquistadores espanhóis e os colonialistas ingleses na América. Como, em seu tempo, os Cruzados, na Palestina.

A outra via era verem-se eles mesmos como um povo asiático que voltava à terra de origem – vendo-se como herdeiros da tradição política e cultural da região semita.”

A história da região onde hoje está Israel conheceu dúzias de invasões, que se podem classificar em dois principais grupos.

Houve as invasões que vieram do Oeste, os filistinos, os gregos, os romanos, os cruzados, Napoleão e os britânicos. Invasões deste tipo visaram a implantar uma cabeça-de-ponte. Estes invasores pensavam como cabeça-de-ponte. A região é território hostil, a população é inimiga, é preciso oprimi-la ou destruí-la. No fim, todos estes invasores foram expulsos.

E houve as invasões que vieram do Leste, os emoritas, os assírios, os babilônios, os persas e os árabes. Estes conquistaram o território e tornaram-se parte dele, influenciaram tanto quanto foram influenciados pela cultura que encontraram; no fim, enraizaram-se.

Os antigos israelitas classificam-se no segundo tipo. Embora haja dúvida sobre o Êxodo do Egito narrado nos Livros de Moisés, ou sobre a Conquista de Canaã narrada no Livro de Josué, pode-se aceitar que fossem tribos que vieram do deserto e infiltraram-se nas cidadelas fortificadas de Canaã que não poderiam conquistar, como se lê em Juízes1.

Mas os sionistas eram diferentes. Os sionistas foram invasores do primeiro tipo. Trouxeram com eles a visão de mundo de cabeça-de-ponte, de linha de frente da Europa. Esta visão de mundo impôs-se e erigiu o Muro, como símbolo nacional de Israel. Isto tem de mudar.

UMA DAS PECULIARIDADES nacionais dos israelenses é uma modalidade de discussão na qual todos os participantes, sejam de esquerda ou de direita, argumentam ‘por clinch’, como no boxe: “Se não fizermos tal e tal coisa, desaparecerá o Estado de Israel!” Alguém imagina este argumento na França, na Inglaterra, nos EUA?

Este argumento é sintoma da ansiedade “de Cruzado”. Embora tenham permanecido por quase 200 anos e produzido oito gerações de “nativos”, os Cruzados jamais tiveram certeza de que permaneceriam em Israel.

A existência do Estado de Israel não me preocupa. O Estado de Israel existirá enquanto existirem Estados. O problema é: que tipo de Estado haverá em Israel?

Um Estado de guerra permanente, de terror contra os países vizinhos, de violência que degrada todas as esferas da vida, onde os ricos florescem e os pobres só conhecem a miséria; um Estado do qual desertam os melhores filhos?

Ou um Estado que vive em paz com os Estados vizinhos, para benefício mútuo; uma sociedade moderna com direitos iguais para todos e sem miséria; um Estado que investe seus recursos em ciência e cultura, na indústria e na preservação do meio ambiente; no qual as futuras gerações desejarão viver; fonte de orgulho para todos os cidadãos?

Seis versões de Paranoid Android

Clipe original:

Ao vivo em Glastonbury-1997:

Acústico com Thom Yorke solo em 2002:

Jazzístico com Brad Mehldau:

Na mesma linha, mas com o pirralho Vitor Araújo:

E a mais genial de todas – a versão Nintendinho 8 bits (via Joio):

Quem quiser mais de Radiohead no sublime timbre Famicom/NES, pode conferir aqui.

Perguntas do Pedro Dória, e algumas respostas

Sábado passado briguei com a namorada,  e por conta dessa briga acabei ficando em casa, ensimesmado, sem ter o que fazer. Ao entrar na internet soube dos devastadores ataques de Israel a Gaza, depois do fim da tregua entre as duas partes.

Sem nada de melhor pra fazer, decidi entrar no debate no terreno minado que é a caixa de comentários do blog do Pedro Dória. As pazes com a namorada vieram já no sábado à noite – mas o debate sobre Israel vs. Palestina… Bem, podem conferir o resultado nos postos do Pedro sobre o assunto – aqui, aqui e aqui.

Eu me ausentei do debate no últimos dias porque , bem, tinha de trabalhar (até o dia 31) e comemorar o fim do ano era uma opção bem mais aprazível.

Só que agora o Pedro convoca as pessoas que contestam a sua posição pró-Israel a responder três perguntas, e eu, de papo pro ar nesse da 1º, não consigo resistir. Confiram o texto do Pedro pra entender o contexto das perguntas e vamos lá:

“1. Israel tem o direito de existir onde existe?”

Essa questão é de um lado, completamente irrelevante e, de outro, uma das questões essenciais a se tomar posição. O segredo, talvez, esteja no tempo verbal da pergunta.

Israel  tem o direito de existir onde existe? Bem, como os judeus que moram lá nunca irão embora voluntariamente, se você responder “não” a essa pergunta, vai ter que concordar, em última instância, com uma limpeza étnica ou com a Solução Final 2 – A Missão. A pergunta, então, se torna apenas um instrumento retórico, que pode tanto ser usado pra desmascarar antissemitas (se escreve assim agora, a partir de hoje...) quanto pra encurralar debatedores de boa vontade.

Os debatedores de boa vontade, porém, podem reformular sutilmente a pergunta: Israel tinha o direito de existir?

A coisa agora muda de figura. Responder sim ou não ainda é uma armadilha, mas respostas não precisam ser binárias. A minha é a seguinte: os árabes não tinham nenhuma obrigação de aceitar o Estado de Israel. Mas os judeus, após o Holocausto, e principalmente, após a recusa de todos os países do mundo a acolher os sobreviventes da II Guerra como refugiados, não tinham também nenhuma outra alternativa que não fosse fundar Israel.

A criação de Israel é, portanto, um evento trágico. Não deveria acontecer, mas não tinha como deixar de acontecer. (A não ser que os árabes tivessem vencido a guerra, o que no entanto geraria imediatamente um problema humanitário tão difícil quanto o que temos hoje….) Tentar jogar a culpa em um ou outro lado é improdutivo, e leva a tentar resolver a questão pela força – o que é garantia de sacrifícios terríveis, contínuos e inúteis para os palestinos e suicídio moral a longo prazo para os israelenses.

Aceitar a resposta que eu dei, no entanto, terá implicância na resposta para a segunda pergunta;. Vamos a ela:

2 – Os israelenses que conheço aceitam na hora que lhes for oferecido um acordo de paz que preserve as fronteiras de 1967 e divida Jerusalém em dois. O governo de Israel, se os países árabes oferecerem algo assim em troca de paz, assina na hora. Pessoalmente, acredito que até um governo do Likud assina um acordo definitivo de paz assim. Basta suspender as agressões de parte a parte. (Não estou sugerindo, com isso, que tal oferta é simples de fazer ou que Israel seja inocente; Israel é paranóica.)

Um acordo assim é justo?

Sim, sim, claro, dou até o link da carta do Uri Avnery para o Barack Obama. 

Mas, se os termos do acordo já foram cristalizados, como diz o Avnery, há dois pontos que precisam ser ressaltados sobre como chegar nesse acordo. Um é difícil de aceitar pelos israelenses, o outro pelos palestinos.

a) Os israelenses tem que admitir que, a despeito de estarem “encurralados” pela preponderância árabe na região (é até verdade, mas há uma malandragem retórica nisso, que vou explicar na respósta à terceira pergunta), eles falharam em construir qualquer confiança com os árabes. Porque, de Oslo a Camp David, persistiu entre os negociadores israelenses uma insistência em impor conquistas feitas à força para depois os palestinos aceitarem a imposição como um fato. Basicamente, repetir em menor escala o que foi feito em 1948. Israel tem que renunciar a essa atitude, em definitivo.

Porque, depois de 1948, e principalmente, 1967, o que Israel impõe não é mais a sua sobrevivência pura e simples, mas coisas bem menos nobres. Desde os ultrajes mais lembrados – como a construção das colônias em território que devia ser dos palestinos , os terrenos confiscado para a construção do muro de separação, etc… – até outros mais esquecidos, mas não menos importantes – como o controle de águas e estradas, que transformariam os territórios palestinos em bantustões. Esse últimos, nunca é demais lembrar, estavam na  tal “oferta generosa” de Camp David.

O problema é que, para os palestinos, isso é terra deles, que os israelenses tomaram pela força. Os palestinos não foram responsáveis pelos motivos que levaram os judeus a fundar Israel – por que então eles teriam que aceitar essas imposições de força como se fossem justas, até hoje? Um trecho de um artigo do NYRB sobre o fracasso de Camp David explica o que está em questão[os grifos são meus]:

“For all the talk about peace and reconciliation, most Palestinians were more resigned to the two-state solution than they were willing to embrace it; they were prepared to accept Israel’s existence, but not its moral legitimacy. The war for the whole of Palestine was over because it had been lost. Oslo, as they saw it, was not about negotiating peace terms but terms of surrender. Bearing this perspective in mind explains the Palestinians’ view that Oslo itself is the historic compromise—an agreement to concede 78 percent of mandatory Palestine to Israel. And it explains why they were so sensitive to the Israelis’ use of language. The notion that Israel was “offering” land, being “generous,” or “making concessions” seemed to them doubly wrong—in a single stroke both affirming Israel’s right and denying the Palestinians’. For the Palestinians, land was not given but given back. ”

A incapacidade de Israel de perceber essa diferença essencial de percepção entre eles e os palestinos acaba fazendo surgir uma decadência moral, em que o esquecimento do ponto de vista do outro lado faz com que os israelenses se tornem cada vez mais dependentes da força, veneradores mesmo do uso dela. Mas, como lembra o David Foster Wallace, “worship power, you will end up feeling weak and afraid, and you will need ever more power over others to numb you to your own fear”.

A veneração da força tem degenerado moralmente Israel, há um bom tempo.

b) Do lado palestino, está a questão dos refugiados. O problema é que a solução realmente justa – a volta pura e simples dos refugiados – é impossível, os palestinos têm que admitir. O que resta é tentar construir uma solução negociada, que consiga desmontar a paranóia israelense e ao mesmo tempo não seja vista como uma sujeição humilhante pelos palestinos.

A sugestão do Uri Avnery, para isso, é a seguinte:

“Israel reconhecerá o princípio do direito de retorno dos refugiados. Uma Comissão Conjunta de Verdade e Reconciliação, composta por palestinos, israelesnses e historiadores internacionais estudará os fatos de 1948 e 1967 e determinará quem foi responsável por cada coisa. O refugiado, individualmente, terá a escolha de 1) repatriação para o Estado da Palestina; 2) permanência onde estiver agora, com compensação generosa; 3) retorno e reassentamento em Israel; 4) migração a outro país, com compensação generosa. O número de refugiados que retornarão ao território de Israel será fixado por acordo mútuo, entendendo-se que não se fará nada para materialmente alterar a composição demográfica da população de Israel. As polpuldas verbas necessárias para a implementação desta solução devem ser fornecidas pela comunidade internacional, no interesse da paz planetária. Isto economizaria muito do dinheiro gasto hoje militarmente e a partir de presentes dos EUA.”

Gosto um bocado da idéia de botar a comunidade internacional pra pagar a conta. Eu sugeriria, particularmente, que fossem listados todos os países que se recusaram a receber refugiados judeus após a II Guerra…

Mas há nessa sugestão, pelo menos, um erro lógico, e uma dificuldade que foi convenientemente esquecida.

O erro lógico está em dizer que “o número de refugiados que retornarão ao território de Israel será fixado por acordo mútuo, entendendo-se que não se fará nada para materialmente alterar a composição demográfica da população de Israel”. Ora, a integração de refugiados irá, por definição, “alterar materialmente a composição demográfica da população de Israel”. Se não alterar, será irrelevante. O que o acordo deve definir, na verdade, é o quanto de alteração demográfica poderia ser feita sem ameaçar a existência de Israel.

Mas isso é só um erro de formulação, o problema não deixa de ser o mesmo. O bicho pega em outro aspecto: como fazer os dois lados chegarem nesse acordo? Vejam a situação: de um lado temos um paranóico, venerador do poder que obteu para poder afastar o próprio medo. Do outro, um ressentido, que “não conseguiu responder em tempo a uma agressão e rumina a vingança que não será perpetrada” – ou não tem como perpetrar.

Percebam a magnitude da dificuldade: temos que criar confiança entre um país paranóico e outro ressentido. De um lado, Israel não consegue se convencer de que ficará seguro, e vê como justa qualquer opressão necessária pra garantir essa segurança; do outro, a Palestina, que não tem como reverter a tragédia de 1948, mas não consegue deixar de ruminar vingança contra o agressor (do ponto de vista árabe, não dá pra ver os sionistas de outro modo) enquanto adia a solução de seus problemas efetivos, que poderiam vir de um acordo de paz.

Óbvio que há algo de caricatura em chamar israelenses de paranóicos e palestinos de ressentidos nesses termos. Mas a caricatura não deixa de ser o exagero dos elementos que definem pessoas e países, não?

3 – “Mas o que é uma reação proporcional justa? O que quero dizer é: Israel pode se defender? E, ao se defender, o que pode fazer?”

A dificuldade a responder a essa pergunta não é só de Israel, mas está na própria natureza que guerra adquiriu no século XX.

A guerra aérea é uma regressão moral em si mesma. O Hobsbawn coloca como epígrafe de um dos capítulos d’ A Era dos Extremos, uma frase de um analista militar em que ele diz o seguinte: logo que começaram a fazer bombardeios aéreos os exércitos perceberam que com aquela ação já não era possível diferenciar civis e militares, e que qualquer tentativa dos exércitos em tentar diferenciar um do outro em seus ataques poderia ter efeito de propaganda, mas não efeito real. Mais inocentes morreriam, fatalmente, a partir do momento que essa nova tecnologia militar  começasse a ser usada.

Claro, alguns defensores da Guerra do Iraque falavam a sério de “ataques cirúrgicos”, mas enfim, fé é matéria para os crédulos…

Diante da regressão moral que os ataques aéres são em si mesmo (regressão moral do qual o Hamas não escapa com seus Qassams, diga-se de passagem), fica difícil definir o que seria uma reação proporcional justa. Eu também faço a mesma pergunta, e também não consigo saber qual é a resposta, e me recuso a entrar no paradoxo moral do contra-terrorismo (que vou explicar depois).  Em um raciocínio simétrico, poderia ser atacar os pontos de onde os mísseis são atirados, ao invés de investir contra a estrutura do Hamas. Mas achar os lançadores do Qassams é como achar agulha num palheiro, o que torna a resposta materialmente impossível e, portanto, não válida.

O que resta é lembrar alguns fatos que são malandramente distorcidos ou esquecidos:

a) O Hamas, sozinho, não tem como destruir Israel, hoje. Com a força de seus Qassams, o máximo que ele pode conseguir hoje é desocupar as cidades vizinhas num raio de uns 30 ou 40 km (não lembro qual é o alcance exato desses mísseis ). Se alguma sobrevivência está sendo defendfida , é a das cidades que estão na fronteira com Gaza. O que Israel quer é impedir de toda e qualquer maneira que o uso da força possa ser uma opção para os palestinos. Faz isso porque encara qualquer vitória pela força de um inimigo seu como uma ameaça direta à sua sobrevivência. (Relembre o dito do DFW sobre a veneração do poder). A prerrogativa do uso da força é toda de Israel, mesmo quando o inimigo tem um poder muito menor, como que é o caso do Hamas.

As análises do contexto militar do conflito feitas pelo Elias e pelo Gabriel no blog do Pedro Dória, apesar de excelentes, cometem a seguinte malandragem: aplicam ao Hamas as propriedades dos exércitos árabes ao redor de Israel. A fragilidade de Israel é diante desses países árabes, mas não do Hamas. Claro, o Hamas é manipulado pelo Irã, e o Hamas pode ser usado para “amaciar” Israel para uma guerra maior, sabemos disso – mas guerra, guerra mesmo, efetiva, é entre Hamas e Israel.

b) O paradoxo moral do contra-terrorismo: ataques aéreos matam muito mais do que atentados terroristas. Vejam a guerra no Líbano de 2006, as guerras americanas no Afeganistão e no Iraque… Mesmo quando o motivo é justo, mesmo quando não se pode não reagir, etc, etc, os custos humanos de um ataque aéreo contra aqueles que perpetram atentados terroristas sempre acabam se tornando maiores do que os custo humano do terrorismo em si. O paradoxo não está em Israel ou nos EUA, mas na guerra aérea moderna em si, como lembra a citação feita pelo Hobsbawn.

O problema dos apologistas de Israel, ao que me parece, é que tentam fugir desse paradoxo. Isentam Israel da responsabilidade de “apertar o gatilho”, de ser aquele que toma a decisão de fazer os ataques desse jeito. O Hamas sabe o que está provocando, Egito e Arábia Saudita dizem amém, mas é Israel que toma a decisão. Dessa responsabilidade não há como fugir.

Por fim, a conclusão é que a pergunta oferece dificuldade demais e solução de menos. Que tal reformular a pergunta: “Como Israel deve se defender, para garantir sua sobrevivência no longo prazo?

Porque o uso unicamente da força para garantir a sua existência é suicídio por parte de Israel. No longo prazo, pela força, Israel pode ou ser derrotado e destruído, ou então vencer mas ter que tratar como cidadãos de segunda classe os palestinos que vivem em territórios dominados por ele, na Gaza e na Cisjordânia. É uma escolha entre a destruição física ou a destruição moral.

Os israelenses têm que, a todo custo,  recusar essa escolha. Se têm que se defender, devem ter em mente que estão aplicando um veneno como remédio, e que insistir nesse veneno vai matá-los no decorrer do tempo.

Eu sei que isso não responde à pergunta diretamente. Mas dá, pelo menos, algum parâmetro para uma resposta.

Epílogo

Mas qual seria o sinal para Israel tentar largar a paranóia? Quando os israelenses poderiam ter certeza que sua existência está garantida? Eu gosto da resposta que eu dei uma vez para o David Butter: quando Israel puder disputar as eliminatória da Copa do Mundo pelo Oriente Médio, e não pela Europa. A partir desse momento, Israel não seria mais “uma cabeça-de-ponte, um cruzado” nas palavras do Uri Avnery neste belíssimo texto, mas estaria definitivamente integrado ao Oriente Médio, e o fato de ser uma democracia poderia finalmente ser um exemplo para os outros países da região.*

Além de ser uma maneira bem mais fácil de chegar a uma Copa do Mundo, o que é mais importante do que qualquer objetivo geopolítico. :)

*Corrigido depois do comentário do Chesterton.

Choques de realidade

Outro dia aí, nesse tempo todo em que estava com preguiça demais pra escrever aqui, o prognóstico de virar um senhor careca e barrigudo me assustou o bastante para conseguir me tirar do sedentarismo e arriscar correr um pouquinho. Afinal, vocês sabem (quer dizer, não sabem, mas vamos fingir que sabem), eu já fui atleta (aos 16 anos), tinha biotipo de corredor de fundo, gosto (quer dizer, gostava) de correr…

Despois de anos de sedetarismo e uns 15 quilos mais gordo do que na época em que dava voltas no campo de futebol do CEFET, descubro que não consigo correr mais do que…. 2 minutos.

Vejam bem, os EUA descobrem que não podem mais enganar os seus proletários e ser superpotencia ao mesmo tempo, e perigam afundar o resto do mundo junto. Mas o que me deixa realmente puto é descobrir que eu simplesmente não consigo mais correr uma distância minimamente decente. Ainda por cima, vou ficar careca.

De toda maneira, vou começar a academia antes do fim do ano. O resto é confiar à providência a inteireza da cobertura capilar, pelo menos até os 30 anos.  Não me importa ficar careca depois disso.

Já a economia americana, nem a Providência parece dar jeito. A coisa tá feia, e piorando. Piorando ainda mais.

Have a nice apocalypse!

I see the worst in people

Um ano trabalhando num banco, e um tanto menos de fé na humanidade. Se passar a vida trabalhando nisso, viro uma espécie de Daniel Plainview.  Sinto um pouco de Plainview nos colegas de trabalho que estão há mais tempo nessa lide.

There are times when I look at people and I see nothing worth liking. I want to earn enough money that I can get away from everyone.

Não é tanto pelos bancos serem big corporations, psicopatas por natureza (embora isso também conte*). É mais pelo comportamento dos próprios clientes. Você só conhece as pessoas quando elas precisam de dinheiro, e vc pode ser aquele que vai impedi-las ou  agraciá-las, obedecendo a regras econômico-burocráticas que variam do muito lógico e justo ao bizarramente kafkiano. Só assim você vê a humanidade no seu real estado, e o retrato não é muito bonito – profissionais-liberais-sonegadores, alugadores de velhinhos em filas, pilantras insistentes…

Há um ou outro sorriso simpático no caminho, mas não compensa não.

*Eu achava o The Corporation exagerado. Até trabalhar numa grande corporação. Amigo, o capitalismo pode ser eficiente como for, mas não é bonito de ser ver por dentro não. Vai por mim.

xkcd meets Borges

Que as tiras de Randall Munroe são sensacionais, já se sabe. Mas eu achei que ele nunca superaria os extremos de beleza e nerdice da menina que gira em sentido anti-horário.

Mas aí o espírito de Jorge Luis Borges resolveu aceitar ser psicografado, e deu nisso.

O mundo como piada pronta e representação

livro-parreira

Via NPTO, soube que o povo do OrdemLivre.Org chamou um conselheiro do Banco Central Islandês para fazer uma palestra no Rio.

Sim, da Islândia, o país que derreteu.

E eu achando que torcer pelo Santa Cruz que era exemplo de fidelidade a um ideal…

***

Sobre a situação da Islândia, esse artigo do tal palestrante no WSJ é esclarecedor. Acusa os Bancos Centrais europeus de não ter dado ajuda à Islândia quando a crise ainda era contornável, e de adotar medidas draconianas depois.  Ora, ele até tem razão – há estimativas de que as garantias que estão tentando impor aos compatriotas de Bjork e do Sigur Rós podem ser equivalentes a três vezes o que a Alemanha teve que pagar aos Aliados após a Primeira Guerra. O duro é imaginar que ainda vai ter gente insistindo no mantra dos “Estados malvadões que causam crises”, quando o problema está no fato de pequenos países que liberalizam a sua economia perderem completamente a autonomia, ficando à mercê das bolsas e bancos centrais dos outros. É uma movimentação que já teve precedentes em países de características similares- durante as crises dos anos 80 o gráfico do PIB do Chile parece uma montanha russa, despencando em recessões terríveis e logo depois se recuperando em “milagres liberais”. A diferença é que o Chile não tinha bancos atuando internacionalmente com ativos maiores que o PIB do país – será que a Islândia terá forças para se recuperar com o seu sistema financeiro obliterado?

Enfim, lição final, por Antonio Luiz M. C. Costa:

A desconversa neoliberal para a crise estadunidense e européia – má regulamentação, pressão do governo por empréstimos a devedores pouco confiáveis – claramente não se aplica. Os bancos tiveram liberdade para aplicar como bem entendessem. A dura lição para os investidores ingênuos e teóricos neoliberais é que a moeda, os bancos e o capitalismo de um país não valem mais que o governo que os garante. Mais uma vez, custou caro a ilusão de que o mercado é solução para tudo e o Estado é o problema.

Cabôôôôô! Cabôôôôô!

Depois de bloqueios, irritação, sofrimento desnecessário, procrastinação doentia, sim, sim, cabôôôôô! Cabôôôôô! É tetra, é tetra! Ops, quer dizer, a monografia acabou.

Assim como a seleção de 94, not better than my worse. Mas acabou. É mais alívio que felicidade.

***

Nesse meio tempo, aprendi a odiar miojo, gostar menos de lasanha congelada e virei mestre no que antes parecia um desafio impossível: o Paciência Spider de 4 naipes. Yeah!

Shake it off!

wilcobamaonconan

Deviam ter chamado Wilco pra tocar lá na festa dele